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Textos

Série Eras

 

O trabalho remete a questão do tempo e dos limites em que o homem sobreviveu ao longo da história da arqueologia. Bonecos, figuras recorrentes em meu trabalho, aqui representados de forma pictórica como observadores de fósseis em extinção. Isso ocorre sempre em dois planos diferentes, marcando os limites das ERAS, denominadas nas obras como ERA ALFA, BETA e GAMA respectivamente.

A técnica utilizada foi acrílica sobre tela, lápis de cor e grafite realizadas no ano de 2023, com dimensão de 30x30 cm.

A série ERAS participou do 22º ENCONTRO DE ARTES PLÁSTICAS NO MUNICÍPIO DE ATIBAIA/SP PARA O ANO DE 2023.

 

 

A série “OGIVAS CELESTIAIS ENQUANTO VOCÊ DORME I, II e III” direciona o observador para o conflito e o confronto.

A guerra não existe apenas para quem está onde ela acontece, mas atinge todos que assistem as notícias, ou que são atingidos pelas consequências, mesmo distantes. Com o passar do tempo, a banalidade da violência cotidiana nos torna insensíveis.

A palavra ogiva começou a ser usada no século XVIII para designar um arco que define um ângulo curvilíneo. Em arquitetura os arcos ogivais góticos das catedrais medievais significavam a elevação do homem ao encontro do divino, portanto aos céus. A partir deste significado surgiu esse trabalho que agora trata da forma ogival explicitamente para a questão bélica. As ogivas são fabricadas para serem lançadas, segundo a balística, que estuda o movimento dos projéteis. Assim, as ogivas percorrem os céus, tocam seus alvos na terra e aos céus não retornam.

A obra em questão é composta de três cubos de concreto que recebem diferentes ogivas. Uma ogiva em chumbo, como se fosse arremessada contra uma placa cerâmica com desenhos de alguma civilização em extinção, uma segunda ogiva em cerâmica lançada sobre uma floresta de bambus incendiada, e por fim uma terceira ogiva envolta em arames e ainda por explodir. A cruz que todas carregam confere um caráter ao mesmo tempo celestial e mórbido.

Durante o tempo em que o espectador observa a obra, ogivas do mundo real seguem sendo fabricadas e lançadas. As grandes potências militares concentram um arsenal de milhares dessas ogivas.

“OGIVAS CELESTIAIS ENQUANTO VOCÊ DORME I, II e III” é uma reflexão atual sobre desconstrução dos valores humanos e destruição de nossas cidades e dos seres que nela dormem.

Fernando da Luz - 2022

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Copélio e Julieto

 

Bonecos são recorrentes em meu trabalho.

Copélio e Julieto são criações inspirados em personagens femininos do balé Copélia de Arthur Saint-Léon e Léo Delibes (1870) e no clássico romance Romeu e Julieta de William Shakespeare (1597), que agora se transformam em bonecos masculinos e idosos, portanto, uma inversão de gênero e idade. Nas histórias originais o tema é a impossibilidade de amar. No caso do balé, Franz se apaixona pela boneca Copélia e, no caso do romance, as famílias de Romeu e Julieta são rivais.

As bases sobre as quais Copélio e Julieto se encontram são dois cubos que se opõem em sua materialidade. O cubo de madeira traduz a leveza e o aconchego onde descansa Julieto e o cubo em concreto e arame contrasta pelo peso e pela aridez onde Copélio está sentado. Estas bases representam os obstáculos, as dificuldades e as fragilidades diante das diversas formas de agressões que ambos precisam enfrentar por compartilharem seu amor.

O boneco Copélio surgiu em 2020, na mostra Arte Na Janela – à flor da pele, uma exposição virtual realizada pela Chico Lisboa. Na obra atual Copélio se junta a Julieto, com quem tem relacionamento de longa data. Agora decidem revelar sua intimidade ao público, enquanto recordam seu passado. Apesar dos constantes enfrentamentos do universo LGBTQIA+, Copélio e Julieto sobrevivem a uma longa jornada de parceria homoafetiva.

A história se baseia (ou não) em fatos reais.

 

Fernando da Luz - Setembro de 2021

NEUROSIA E OUTROS PASSATEMPOS 
 

16º SALÃO NACIONAL DE ARTE CONTEMPORANEA DE GUARULHOS

O planeta encontra-se diante de uma transformação há pouco tempo inimaginável.

Uma mudança de paradigmas levou toda humanidade a reflexões e restrições em nosso cotidiano. Ir e vir parece-nos uma tarefa perigosa. Fomos isolados e medos e incertezas são as palavras de ordem.

As máscaras coletivas nas ruas tornaram todos iguais. Passamos assim a seres homogêneos. Em nosso confinamento aguardamos a volta da normalidade. Em quanto isso precisamos esperar. O tempo precisa passar. Reinventar o cronos é necessário.

A série Neurosia e Outros Passatempos, foi uma obra realizada exatamente um ano antes da pandemia, em março de 2019. Contudo mostra-se atual. O trabalho fala de nossos medos e neuroses que no momento estão intensificados. Forçados a uma introspecção tivemos tempo para pensar e reavaliar nossos valores de vida.  Instiga a refletir sobre esse momento onde ainda não podemos nos revelar. Não sabemos por quanto tempo ainda estaremos com nossas faces veladas.

Para o 16º SALÃO NACIONAL DE ARTE CONTEMPORANEA DE GUARULHOS, submeto três trabalhos representativos dessa série no formato 60 x 60 x 4 cm com técnica de pintura e desenho à grafite sobre tela.
 

Fernando da Luz - 2020

FIBRA – I Bienal de Arte Têxtil Contemporânea

 

Série Gabirusoides I, II e III

 

O trabalho enviado ao evento  FIBRA – I Bienal de Arte Têxtil Contemporânea tem como referência uma das mais importantes obras do artista plástico Xico Stockinger nascido na Áustria e naturalizado brasileiro: os Gabirus de 1997. A obra consiste de uma série de esculturas em bronze que representam uma população do sertão semiárido nordestino, de baixa estatura e nutrição deficiente, que se alimenta de um roedor, conhecido popularmente por gabiru. As esculturas são uma denúncia do artista diante dessa condição humana e, ao mesmo tempo, um manifesto de sua indignação.

 “Sua produção escultórica em metal revela inicialmente afinidade com uma tendência expressionista de teor arcaizante, com ênfase na produção de figuras sintéticas, por meio de uso dos mais diversos materiais e acabamento áspero. Certas formas retorcidas, concebidas pelo artista, acrescentam às figuras uma conotação de tensão ou dor”. (www.enciclopedia.itaucultural.org.br).

 Xico Stockinger sempre gostou de obras de grandes tamanhos. Mesmo que os gabirus sejam na realidade homens de baixa estatura, em torno de 1,30m de altura no máximo, foram representados como esculturas de grandes dimensões. Diante desse propósito grandioso do artista, a redução de gabirus ao tamanho 10x10cm representa um imenso desafio.

O trabalho apresentado é uma releitura dos gabirus através de uma série chamada de Gabirusoides formada por três bonecos (Gabirusoides I, II, III) feitos em massa de modelar, lã e tecidos tingidos com óxido de ferro. Cada boneco foi adaptado em uma caixa de madeira MDF de 10x10x10 pintadas com tinta acrílica em cores terrosas. Aprisionados, tristes e desajeitados esses “Gabirusoides” revelam em silêncio e resignação a situação opressora e desumana de suas vidas.

Bonecos são esculturas recorrentes no meu trabalho nos últimos anos, conforme currículo e site em anexo.

 

Fernando da Luz - 2019

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Neurosia e outros passatempos

Uma mostra de diferentes fases de Fernando da Luz, desde 2005 até 2019.

As pinturas e desenhos são autorretratos de fases anteriores e nas obras atuais constituem uma releitura inspirada no título do filme “Neurosia: 50 years of perversity”, de 1995, uma autobiografia do diretor alemão Rosa Von Praunheim.

Os bonecos que remetem a passagem do tempo são fruto da série Kronos in Process de 2016 e da série Extinção, de 2018. Os novos bonecos desta mostra representam o transformismo ou crossdressing em inglês, termo que se refere ao ato de alguém se vestir com roupa ou usar objetos associados ao sexo oposto por qualquer uma de muitas razões.

Neurosia é uma exposição sobre cabeças, vestidos, costuras, intimidades, perversão, vícios e outros passatempos.
 

Fernando da Luz - 2019

Medéia Penitente

 

A obra inscrita no evento FIBRA –  I Bienal de Arte Têxtil Contemporânea intitulada “Medéia penitente” foi inspirada na história clássica da mitologia grega.

Representa a força da personagem Medéia através de uma roupagem ritualística com materiais diversos: resíduos de tecidos tingidos naturalmente, látex e linhas. A obra é completada com duas formas corpóreas posicionadas sobre uma caixa preta disposta entre os fios da roupagem ritualística de Medéia, significando sua relação com os dois filhos, de acordo com a história trágica contada pela mitologia.

 

Fernando da Luz - 2019

Título: Medéia penitente

Ano: 2019

Técnica: mista

Dimensões: 210 x 80 x 80 cm

TEXTOS medéia

Extinção
 

"O progresso de um artista é o auto sacrifício continuo, uma extinção contínua da personalidade."  T. s. Elliot

 

"Extinção é a regra. Sobrevivência é a exceção." Carl Sagan

 

Extinção em biologia e ecologia é o total desaparecimento de espécies, subespécies ou grupos de espécies. O momento da extinção é geralmente considerado como a morte do último indivíduo da espécie. A extinção não é um evento incomum no tempo geológico - espécies são criadas pela especiação e desaparecem pela extinção.

Arius felis ou Galeichthys felis (Linnaeus, 1766) é um peixe subtropical da família dos peixes-gato. Caracterizam-se por seis barbilhos que ajudam o peixe a encontrar alimentos nos locais lamacentos onde habita. A barbatana dorsal e as barbatanas peitorais são suportadas por um espinho pontiagudo. O espinho dorsal, na sua posição ereta (quando o peixe está excitado), pode ser perigoso e perfurar quem o pisar.

A maior extinção massiva ocorreu no final do Paleozoico, com oitenta a noventa e seis por cento das espécies sendo extintas, marcando o limite entre o Permiano e o Triássico. Embora esta extinção tenha afetado floras e faunas terrestres, é no ambiente marinho que se verifica suas grandes proporções: muito além da metade das formas marinhas desapareceram.

Ciência e arte se encontram nesse trabalho. Inspirado nesse peixe a obra representa o momento da extinção, quando o último indivíduo desaparece. Simbolizado por um peixe em papel machê amarrado em meio a um aquário de arames pontiagudos sobre uma base de concreto. A frieza dos materiais bem como o estado em natura dos mesmos proporciona um clima de fim de espécie.

O trabalho também ativa nossa sensação tátil. Imagem espinhosa e pontiaguda. Apesar das defesas próprias do peixe ele esta aprisionado. Ameaçado. O animal tenta vencer o mundo frio e pesado, aqui representado pelo concreto.

A obra transporta a um tempo que necessita ou mantém uma relação intensa com as eras geológicas, um tempo de descoberta, de decifrar, de buscar o que transcende a um período específico simplesmente. Libertando-nos a imaginar o sofrimento deste animal e o que ele representa para o autor. Uma reflexão sobre o nascimento e a morte das espécies.

Fernando da Luz - 2017

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6ª BIENAL DO ESQUISITO – A face oculta de um acéfalo

A proposta é apresentar um conjunto de  05 bonecos realizados em 2011. Confeccionados com massa de modelar  (biscuit) e papel.  As dimensões de cada boneco variam entre 11x8x18 cm (menor) e 16x10x27 cm (maior). Serão apresentados numa base e/ou estrutura de cubo transparente (ainda a definir) não excedendo as dimensões finais de 50X50x50 cm.

A organização  ou  desorganização do bonecos pretende inseri-los num contexto neutro para valorizar suas expressões faciais e corporais, que tem chamado a atenção pela estranheza  de suas malhas pretas, bem como de suas cabeças.

Fernando da Luz - 2012

TEXTOS bienal

Projeto Tan Dun
 

Tan Dun é um compositor clássico contemporâneo nascido em Si Mao na província de Hunan, na China. Desde criança era fascinado por rituais e cerimônias onde os sons eram executados com objetos orgânicos. Compôs a ópera Tea a Mirror  of Soul com a primeira exibição no Japão em 22 de outubro de 2002. A ópera inicia num jardim de chá num templo em Kioto . O conceito de chá na cultura chinesa e japonesa é o mote que costura a trágica estória de Lan e Seikyo. Amor, morte e religião são expressas através da metáfora do chá, com seus múltiplos e muitas vezes paradoxal significado. Tan Dun extrai sons com água, rochas e papel.

Numa interpretação absolutamente livre expressei através da pintura minha visão desse mundo oriental. Fernando da Luz transforma esse tema em paisagens onde suas figuras negras são apenas sombras. Só uma força rastejante, seu lagarto.

Fernando da Luz - 2011

TEXTOS tandun
TEXTOS tandun
TEXTOS tandun

Sacro Sauria

 

Lugares de inóspitas paisagens. Lugares de devoção.

Tudo é quietude nesse ambiente.

No encontro entre o profano e o sagrado os dois se calam.

Outra vez não há diálogo. Apenas suportam, sagrado e profano já não existem mais. Tudo dissolve, tudo é pedra.

Poeira.

Só quem pode regenerar sobrevive aqui.

ou

Santos Lagartos.

 

Fernando da Luz - Outubro de 2010

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Simbioses
 

Seres diferentes que convivem em harmonia. Assim nasceu o projeto dessa exposição coletiva. Eneida Ripoll Ströher expressa suas sensações no barro moldando seres inexistentes, inexplicáveis, contudo, vivos. Formas ocas, pontiagudas, corroídas. Fernando da Luz recria esses  seres pintando paisagens longínquas, isoladas, áridas.

 Não há diálogo. Cada simbionte toma parte no processo por meios diferentes, se comunicam apenas para viver e provocar. Suportam. Sobrevivem.

São somente seres simbióticos.

 
Eneida Ripoll Ströher
Fernando da Luz
2008

Apoio: Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISINOS.

Letras e Sabores Cafeteria

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Arte como Paleontografia

"Nos resquícios arquitetônicos destas pinturas encontra-se um signo, um réptil cuja imagem transcende ao período atual. Este elemento é capaz de transportar o observador a um mundo primitivo, ao presente momento, e também ao mundo livre da imaginação.

O fossilismo (no sentido de apego) do artista a tal elemento - o réptil - propõe tal animal como parte principal da elaboração de suas obras atuais. O vínculo com a arquitetura acompanha a trajetória artística de Fernando da Luz, também como professor. No início, ele criava com elementos rebuscados da arquitetura, hoje, após repensar sua construção pictórica, opta por suavizar tais características em suas telas. Suas novas criações possuem detalhes, resquícios de suas antigas arquiteturas acrescentadas do réptil atemporal que persiste em sua trajetória. O espectador é fisgado pelo olhar do artista que elege o ângulo exato para compor os elementos que constituem suas telas. Olhar transposto nas imagens das pinturas. O observador capta através dos detalhes destas representações a importância ressaltada do réptil na produção atual de Fernando, e o quanto estes elementos da arquitetura vão tornando-se mais sutis para ele. O animal vence o mundo do concreto, frio e pesado. O fóssil do ontem, hoje surge a vida, e amanhã nessas telas deixará sua história.

Tais obras transportam a um tempo que necessita ou mantém uma relação intensa com a arqueologia, um tempo de descoberta, de decifrar, de buscar o que transcende a um período específico simplesmente. Libertando-nos a imaginar o enigma deste estranho animal, e o que ele representa para a pessoa de Fernando."

Fernanda Aiub - 2004
Curadora de arte

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